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No Chão

Cara metade Rogo tomar-te Assim que urge o acordar rude Bovino açafrão. Encontro à parte Uma mão que muge O sangue da ferida Do corpo leão Sapo inchado De água velado Sono crispado Assassino no chão.

Não me parecia que sim

Parece que são concêntricas, aquelas circunferências. Que partem do mesmo início, ela assim queria. Que as vidas deles girassem em torno da mesma coisa comum, sem se tocarem. Um pouco obtuso da sua parte, mas acho que era isso que ela queria. Uma companhia e uma boa dose de romance na sua vida. Algo sereno e se possível eterno, como a circunferência. Eu disse-lhe, minha cara, você sonha demais. Acha que isso é... Fazível? E usei esta mesma palavra, palavra feia e comezinha como o chão velho de linóleo da cozinha cheio de bolhas de ar onde estávamos as duas. Ela não levou a mal. Ficou pensativa, disse que sim. Que era. E descolou outra vez para outra dimensão. É como caminharmos juntos, lado a lado, percebe? Seria algo paralelo a uma curvatura, sabe? A vida curvava, segundo ela, para o infinito, para Deus, para o linóleo do chão e para tudo. Alto lá, ouça lá, isso é tudo muito bonito mas quem vai tomar conta de/? Mas queria ela lá saber. E disse-me de chofre que o queria ver pelas c

O Assombrado

Diorama descansa agora, no entanto ouve-o, solene e imediata. A Ele que ao pé lhe faz companhia e zela por ela. Ele prostra-se de dor, espera que ela se recomponha e lhe diga o que fazer. O que tomar para aplacar aquilo dentro dele, que todos os dias cresce, cresce, cresce como uma flor redonda sem caule. Diorama mais ela, a gata de colo, estranham o décor e a baixela de prata e Ele ali ao pé. Nem sabe porquê, está ali de sentinela e tem sentimentos por ela -- Faz luz – diz ele, Ela faz luz para mim como a manhã e por isso zelo por ela que jaz aqui, assim como... sei lá. Aqui para mim. Então estava escuro? – ele pensa e esgrime em sua cabeça outros argumentos para a convencer de que. De que era Ele, o Destinado. O Assombrado. O Iluminado. Por ela fazer luz ele a trouxe, que repouse que já é tarde. Às três da manhã as portas dos espíritos se abrem toda a gente sabe, que guarde energia para logo. --Estaremos alerta, não é assim Diorama? Estaremos sempre alerta? Algum há de vir, digo